Pular para o conteúdo principal

As Empregadas II

 


Ao longo da vida, tive algumas empregadas domésticas. De cada uma, tenho histórias para contar e todas muito engraçadas. Esta parte complementará o que escrevi sobre o tema na crônica anterior.

Que eu me lembre, a primeira empregada que contratei com carteira assinada foi quando morei em Laranjeiras. O apartamento não possuía quarto de empregada, apenas um banheiro a elas reservado. Resumindo esta inicial e pitoresca experiência com serviçais, ela dormia, com tudo que tinha direito (colchão, lençol, travesseiro e cobertor), em um corredor estreito, que separava a sala da cozinha. Na época, necessitava acordar todos os dias pontualmente as 06 horas para trabalhar e aí, estando ela ainda dormindo e eu querendo ter acesso à cozinha para preparar meu desjejum, tinha que ser “de circo” pois conseguia passar por cima dela, sem acordá-la, algumas vezes. Por quê? Simplesmente poderia acordá-la, não? Mas, sempre tive como princípio, não acordar, a não ser por necessidade, esposa ou empregada para preparar minha primeira refeição. Ao sair, deixava todos dormindo: a esposa, os filhos e a empregada.

Outros dois episódios, mais hilariantes, aconteceram com outra empregada quando morei em um condomínio na Rua Araújo Leitão. Seu nome era Iná. Era de extrema confiança e parecia gostar e saber tudo que fazia como doméstica, principalmente cozinhar e fritar. Realmente, literal verdade. Comprei uma peça de lagarto redondo e, ao sair para trabalhar, perguntei se ela poderia assá-la na panela de pressão. Seria o nosso jantar. Fazendo o sinal de positivo, disse: deixa comigo doutor. Há muito tempo não saboreava uma carne assada acompanhada de batatas. Durante o caminho de volta, não pensava em outra coisa. Quando cheguei, a primeira coisa que perguntei a ela foi: Iná, a carne assada está pronta? Sim senhor respondeu sorridente. Qual não foi minha decepção quando, ao abrir a panela, a carne estava toda picada e cozida, junto com batatas. Realmente ela sabia cozinhar...

De outra feita, e esta foi de surpresa. Ao entrar na portaria do condomínio após um dia de trabalho, assim que entrei no elevador, senti um cheiro delicioso de sardinha sendo frita em algum apartamento. Morava no décimo primeiro andar e à medida que o elevador subia, o cheiro de sardinha aumentava e eu já estava devorando as mesmas no pensamento. Ao entrar no apartamento, era cheiro de sardinha pra todo lado e corri pra cozinha. Vejo Iná fritando sardinhas e um prato com dezenas de sardinhas ainda por fritar. Perguntei a ela se teríamos visitas para o jantar e ela, sorridente respondeu: não senhor mas a doutora me disse que o senhor gosta muito de sardinhas fritas. Surpreso, comentei: Mas Iná vamos comer três dúzias de sardinhas somente hoje? Não me respondeu e me pareceu ficar chateada. O que mais poderia falar?  Mais nada. Resolvi esquecer o episódio. Realmente, ela gostava de fritar...

Comentários

Enquanto isso na comunidade seresteira de Conservatória:

Enquanto isso na comunidade seresteira de Conservatória: