Ao longo da vida, tive algumas empregadas
domésticas. De cada uma, tenho histórias para contar e todas muito engraçadas.
Esta parte complementará o que escrevi sobre o tema na crônica anterior.
Que eu me lembre, a primeira empregada
que contratei com carteira assinada foi quando morei em Laranjeiras. O
apartamento não possuía quarto de empregada, apenas um banheiro a elas
reservado. Resumindo esta inicial e pitoresca experiência com serviçais, ela
dormia, com tudo que tinha direito (colchão, lençol, travesseiro e cobertor),
em um corredor estreito, que separava a sala da cozinha. Na época, necessitava
acordar todos os dias pontualmente as 06 horas para trabalhar e aí, estando ela
ainda dormindo e eu querendo ter acesso à cozinha para preparar meu desjejum,
tinha que ser “de circo” pois conseguia passar por cima dela, sem acordá-la, algumas
vezes. Por quê? Simplesmente poderia
acordá-la, não? Mas, sempre tive como princípio, não acordar, a não ser por
necessidade, esposa ou empregada para preparar minha primeira refeição. Ao
sair, deixava todos dormindo: a esposa, os filhos e a empregada.
Outros dois episódios, mais hilariantes,
aconteceram com outra empregada quando morei em um condomínio na Rua Araújo
Leitão. Seu nome era Iná. Era de extrema confiança e parecia gostar e saber tudo
que fazia como doméstica, principalmente cozinhar e fritar.
Realmente, literal verdade. Comprei uma peça de lagarto redondo e, ao sair para
trabalhar, perguntei se ela poderia assá-la na panela de pressão. Seria o nosso
jantar. Fazendo o sinal de positivo, disse: deixa comigo doutor. Há muito tempo
não saboreava uma carne assada acompanhada de batatas. Durante o caminho de volta,
não pensava em outra coisa. Quando cheguei, a primeira coisa que perguntei a
ela foi: Iná, a carne assada está pronta? Sim senhor respondeu sorridente. Qual
não foi minha decepção quando, ao abrir a panela, a carne estava toda picada e
cozida, junto com batatas. Realmente ela sabia cozinhar...
De outra feita, e esta foi de surpresa. Ao
entrar na portaria do condomínio após um dia de trabalho, assim que entrei no
elevador, senti um cheiro delicioso de sardinha sendo frita em algum
apartamento. Morava no décimo primeiro andar e à medida que o elevador subia, o
cheiro de sardinha aumentava e eu já estava devorando as mesmas no pensamento. Ao
entrar no apartamento, era cheiro de sardinha pra todo lado e corri pra cozinha.
Vejo Iná fritando sardinhas e um prato com dezenas de sardinhas ainda por
fritar. Perguntei a ela se teríamos visitas para o jantar e ela, sorridente
respondeu: não senhor mas a doutora me disse que o senhor gosta muito de
sardinhas fritas. Surpreso, comentei: Mas Iná vamos comer três dúzias de
sardinhas somente hoje? Não me respondeu e me pareceu ficar chateada. O que
mais poderia falar? Mais nada. Resolvi
esquecer o episódio. Realmente, ela gostava de fritar...

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